A Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) completa, nesta quarta-feira (10), 70 anos. Foi fundada em 10 de maio de 1947 com o objetivo de ser uma entidade empresarial representativa do comércio, indústria, prestação de serviços e agropecuária.
Há 70 anos, o empresário Serafim Enoss Bertaso era eleito o primeiro presidente da ACIC. Não começava ali a história econômica do Município, mas ali se começava a escrever a história da organização política das classes produtoras que, nesses 100 anos de emancipação administrativa e sete décadas de associativismo empresarial, legaram a Santa Catarina um dos mais eloquentes paradigmas de trabalho e desenvolvimento.
A ACIC, que representa 85% do PIB chapecoense, desenvolve ações consistentes na defesa dos interesses da classe empresarial e do bem-estar da coletividade. É reconhecida no cenário estadual pela sua atuação de vanguarda, com posicionamentos que visam assegurar direitos da cidadania e o desenvolvimento da livre iniciativa. Declarada de utilidade pública através da Lei Municipal 114/80, de 01 de dezembro de 1980, e pela Lei Estadual 5874, de 07 de maio de 1980.
É com o senso de visão histórica e de compreensão de nosso papel na sociedade contemporânea que, biênio após biênio, os presidentes das Diretorias Executivas, ao lado do Conselho Deliberativo, assumiram o comando desta que é uma das mais representativas entidades de Santa Catarina.
As riquezas que a natureza nos legou nessa terra inóspita, a capacidade de mudança e transformação dos pioneiros, a inventividade das lideranças e a determinação dos colonizadores foram elementos que se amalgamaram nesse rico episódio de conquistas que se tornou a ocupação do vasto território de Chapecó.
Desde os primórdios, a crença nos valores do trabalho predominou. Esperança, força e coragem, pouco capital financeiro para investimento, ausência total de recursos tecnológicos, nenhuma preocupação com a derrota e o fracasso marcaram nossos primeiros empreendedores. Eles foram, acima de tudo, trabalhadores visionários, labutando ombro a ombro com seus pares, de tal forma que resultava indistinta a divisão de classes entre detentores do capital e detentores do trabalho. Patrões e trabalhadores se harmonizavam numa vinculação laborativa de cooperação e solidariedade que permeava a maior parcela das relações de trabalho da primeira metade de nossa história.
Esse registro é fundamental na tipificação dos protagonistas daqueles tempos para realçar que a origem de nosso empresário não está vinculada a grande concentração de capital, ao controle de muitos meios de produção ou a subordinação de grandes contingentes de mão de obra, mas resulta, invariavelmente, do trabalho perseverante, continuado, pertinaz de um agente econômico com incrível capacidade de transformar o meio em que atua.
Mesmo transcorrido sete décadas, a ACIC traz como marca de sua atuação uma surpreendente capacidade de mudanças e transformações para enfrentar os novos e inquietantes tempos, mas mantém imutáveis os mesmos compromissos solenemente anunciados pelo pioneiro Serafim Bertaso nos idos da década de 1940.
Por isso, a ACIC atua para tentar reduzir ao mínimo as angustiantes incertezas de nossa era contemporânea, oferecendo oportunidades de debate, de formação, de informação e de intercâmbio que buscam antecipar os cenários desse novo século. Fundamentalmente, porém, a ACIC mantém-se vigilante na defesa dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, na preservação dos postulados de um mercado minimamente regulamentado e sem as distorções da tecnoburocracia, na valorização do empreendedorismo, fundamentada nas liberdades democráticas para a construção de uma sociedade livre, pluralista, justa e solidária.
Galeria dos presidentes da Diretoria Executiva
Serafim Enoss Bertaso –1947
João Batista Zéca – 1947/1949
Alcebíades Sperandio– 1949/1953
Osvaldo Cypriano Guindani – 1954/1955
Basílio Machado de Almeida –1956/1957
Arnaldo Mendes – 1958/1963
Ivo Giacomazzi – 1964/1966
Clair Eloi Dariva – 1967/1968 – 1970/1971
Eduardo Matiewicz – 1968/1969
Sebastião da Silva Neres – 1969/1970
Rui Müller – 1971/1972
Leonhardt Lang – 1972/1976
Luiz Carlos Franken – 1976/1977
Arduino Galina – 1978/1983
Victorino Zolet – 1984/1986
Joaquim da Silva Néri – 1986/1990
Nelson Galina – 1990/1991
João Carlos Scopel – 1992/1994
Antônio Rebelatto – 1994/1995
Amauri Luiz Battiston – 1996/1997
Sérgio Utzig – 1998/1999
Cláudio De Marco – 2000/2001
Armelindo Carraro – 2002/2003
Elói Bergamaschi – 2004/2005
Itacyr Centenaro – 2006/2007
Vincenzo Francesco Mastrogiacomo – 2008/2009
João Carlos Stakonski – 2010/2011
Maurício Zolet – 2012/2013
Bento Zanoni – 2014/2015
Josias Mascarello – 2016/2017
Galeria dos presidentes do Conselho Deliberativo
Plinio David de Nez Filho – 1992/1994
José Mayr Bonassi – 1994
Gilso Ítalo Galina – 199/1995
Edemar Luíz Magro – 1995/1997
Vincenzo Francesco Mastrogiacomo – 1997/1998
José Norberto Perucchi – 1998/200
Enio Luiz Sbeghen – 2000/2001
Josias Antonio Mascarello – 2001/2002
Sergio Utzig – 2002/2003
Sérgio Migliorini – 2003/2004
José Claudio Caramori – 2004/2005
Severino Teixeira da Silva Filho – 2005/2006
Armelindo Carraro – 2006/2007
Ricardo Gallina – 2007/2008
Gilson Confortin – 2008/2010
Milton Sordi – 2010/2011
Claudio De Marco – 2011/2012
Orivaldo Chiamolera – 2012/2014
Flavio Pasquali – 2014/2016
Maurício Zolet – 2016/2017
Marcos Antonio Moschetta – 2017/2018
Josias Mascarello fala sobre os desafios e o futuro da ACIC
Ao completar 70 anos nesta quarta-feira (10), a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) se firma como uma das entidades com maior representação no Estado e continuará atuando na busca de melhorias para a classe empresarial e para a cidade de Chapecó e região Oeste. Algumas bandeiras estão há anos na pauta de reivindicações, mas ainda necessitam evolução. Nesta entrevista, o atual presidente da entidade, Josias Mascarello, fala sobre as necessidades para os próximos anos.
Quais os desafios da ACIC para os próximos anos?
Josias Mascarello – O primeiro grande desafio é o de se reinventar. Para fazermos frente às novas demandas que batem à porta da entidade é preciso preparar nossos colaboradores e diretores com inovadoras ferramentas de gestão (processo já iniciado por nós) e, da mesma forma, para as empresas associadas é necessário e imprescindível utilizarem-se das mesmas ferramentas para o enfrentamento da brutal crise econômica que se instalou no País. Paralelamente aos desafios internos, a ACIC, como uma das mais importantes promotoras do desenvolvimento social e econômico do município, deverá continuar liderando e atuando de forma muito contundente nas questões de interesse da classe empresarial a nível regional, estadual e federal.
Quais devem ser as prioridades em relação à segurança?
Mascarello – A segurança pública é um tema que atormenta a todos nós. Percebemos que ao cobrarmos de nossas autoridades responsáveis, temos como respostas: falta de efetivos, necessidade de armas mais eficazes, sucateamento da frota de veículos, orçamentos apertados etc e a cada ano a situação vai se agravando. Entendemos que o modelo de gestão para esta questão deve ser revisto. Devemos atacar definitivamente as causas, investindo em programas sociais e envolvendo a sociedade civil organizada. Temos o exemplo prático que está sendo testado e ampliado aqui mesmo em Chapecó, no bairro Quedas do Palmital, através do PROPAZ. O resultado foi muito positivo. As famílias e a comunidade se envolveram, reduzindo quase a zero os índices de criminalidade naquela região. Hoje o Programa Viver é exemplo para o Estado e para o Brasil. O mesmo projeto está sendo implantado na região leste da cidade, também com o envolvimento da ACIC e demais entidades empresariais.
E quanto à infraestrutura, saúde e tecnologia?
Mascarello – São temas que fazem parte das bandeiras da ACIC. Quanto à infraestrutura, temos a BR-282, o aeroporto e o contorno viário leste.
BR-282: assunto antigo e surrado que pouco avança. Há décadas cobramos, clamamos pela duplicação da BR-282, nossa principal via de escoamento das riquezas aqui produzidas e também via indispensável para a chegada de outros produtos vitais para o crescimento da região a exemplo do milho, responsável pela sustentação da cadeia produtiva do agronegócio.
Aeroporto: nossa principal via de conexão com o mundo. Entendemos ser ele a porta de acesso do conhecimento da inovação e integração das regiões. Responsável direto pelo sucesso das nossas feiras de negócios a exemplo da Mercoagro, maior feira do setor da América Latina. Na última edição, em 2016, tivemos 17 países representados, além do Brasil.
Contorno viário leste: fará toda diferença com relação à questão da mobilidade urbana. Também viabilizará a instalação de novos e modernos parques industriais gerando receita e renda para o município reduzindo, assim, o desemprego e proporcionando o desenvolvimento econômico e social de Chapecó e região.
Saúde: em nível de Brasil, uma tragédia. Em nível regional temos nosso Hospital Regional do Oeste com sua obra física praticamente concluída, o novo grande desafio é mantê-lo funcionando. Somos sabedores que a construção representa a parte mais fácil e barata, teremos pela frente ainda a segunda fase, os equipamentos, alguns de alta complexidade e, por fim, o chamado custeio, isto é, os recursos financeiros para mantê-lo em funcionamento.
Tecnologia: hoje o mundo se move através da ciência da tecnologia e inovação. Sabendo disso, a ACIC participa em vários conselhos de nossas universidades, contribuindo de forma muito próxima e prática na gestão, inclusive sendo parceira em vários projetos. Lembramos o Parque Tecnológico junto a Unochapecó, que deverá estar finalizado no segundo semestre deste ano. O próximo passo será fazê-lo funcionar como um verdadeiro centro de inovações tecnológicas, vindo a fortalecer e ampliar essa nova matriz chamada “a Matriz do Conhecimento e da Inovação”.
Quais são, na sua opinião, outras questões cruciais que impactam o desenvolvimento?
Mascarello – Questão da água. Nossa barragem há tempos vem dando sinais de incapacidade no atendimento ao abastecimento da cidade. O projeto de captação d’água do rio Chapecozinho deve urgentemente sair do papel. Esse projeto nos fora apresentado como pronto para ser executado há mais de dois anos e nada. A questão da energia elétrica – captação, transformação e distribuição, o sistema todo precisa de investimentos. Só não estamos tendo apagões devido a forte recessão que se abateu no País nos dois últimos anos e o pífio crescimento do País na década.
Referente à alta carga tributária brasileira, como a ACIC pode atuar?
Mascarello – Somos massacrados pela vergonhosa carga tributária, considerada uma das maiores do mundo. Nosso desafio constante é continuar cobrando de todas as formas possíveis dos nossos representantes políticos as reformas estruturantes de nossa economia, juntamente com a Facisc e demais federações e confederações empresariais do Estado e do Brasil.
De que maneira a ACIC pode contribuir para o fortalecimento do associativismo?
Mascarello – A ACIC entende que a maneira mais eficaz para o fortalecimento do associativismo é incentivando os diretores das empresas associadas a motivarem seus colaboradores e a eles próprios à inserirem-se nos diversos programas e projetos oferecidos pela entidade, tais como as missões empresariais (dentro e fora do País); participação dos núcleos, assumindo cargos e funções; participando de palestras orientativas com foco no fortalecimento das empresas através da modernização da gestão, incentivando a ideia e a prática da sustentabilidade, incorporando a responsabilidade social e empresarial.