A aura de apreensão que Sueli Brandão exibia no ano passado ao falar de mais uma Feira do Livro de Joinville desapareceu. Em seu lugar há entusiasmo em abordar a edição deste ano e a ¿virada de chave¿ no evento que ela criou e dirige como presidente do Instituto da Cultura e Educação.
Não é para menos: com um aporte financeiro substancialmente maior do que em 2016, a 14ª Feira do Livro oferecerá novidades na estrutura, uma programação vasta e diversificada, uma relação de convidados recheada de estrelas e um bem-vindo clima ameno, graças à mudança de época (ao invés de abril, ela acontecerá em junho, de 8 a 18).
Com Monteiro Lobato como homenageado, a feira utilizará o Expocentro Edmundo Doubrawa e adjacências para oferecer 12 horas diárias, ao longo de 11 dias, de uma agenda farta para estudantes, professores e amantes da leitura em geral. Bem de acordo com o ¿mantra¿ escolhido para esta edição (artes, literatura e tecnologia). Porque nem só de venda de livro vive o evento. Aliás, o número de estandes diminuiu pela metade (serão 15), resultado de um encolhimento no mercado editorial que fez muitos livreiros fecharem as portas ou mudarem de ramo.
Em compensação, houve uma renovação criteriosa nos ocupantes dos estandes, que ficaram mais amplos. A solicitação pela oferta maior de livros técnicos foi atendida. Instituições de ensino irão exibir suas atividades, e exposições de artes e tecnologia terão vez. A maior novidade, porém, é a instalação, no centro do pavilhão, de uma grande praça de leitura, onde também irão ocorrer sessões de autógrafos com autores iniciantes. Ao redor disso tudo, o visitante verá um espaço visual renovado.
– Queremos oferecer um lugar mais atraente, acolhedor, dinâmico, onde as pessoas possam interagir – explica Sueli, criadora da Feira do Livro de Joinville.
Entre inúmeras atividades, a feira sediará o Seminário Catarinense de Educadores e Mediadores de Leitura e um concurso de contadores de histórias – eles deverão escolher textos de dez escritores convidados e narrá-los perante uma banca julgadora.
Nomes populares
Por falar nos autores, os desta edição formam um conjunto de grande apelo, inclusive para o público afeito a nomes mais pop. Entre os 30 convidados, o mais conhecido é o ator Lázaro Ramos, também escritor de livros infantis. Mas pode ser também a jornalista Miriam Leitão, que falará sobre a situação política e econômica brasileira. Ou então Walcyr Carrasco, um dos maiores autores de novela do País. Ou quem sabe Raphael Montes, cujos livros policiais são lidos no mundo todo.
Outras opções são Conceição Evaristo, nome de referência na literatura negra; Marisa Lajolo, maior autoridade nacional em Monteiro Lobato; e Paula Pimenta, uma estrela entre os teens. Já quem frequenta as redes sociais conhece bem as blogueiras Pam Gonçalves e Melina Souza e o poeta Zack Magiezi, que só publica no Instagram (e dificilmente vai a feiras literárias).
O rol estelar de convidados, a variedade de programas e o incremento na estrutura não seriam possíveis no ano passado. Com apenas R$ 60 mil no bolso, Sueli fez o básico para a feira continuar. Na sequência, o jogo virou. O projeto do evento foi aprovado na Lei Rouanet e, com duas empresas apoiadoras, conseguiu acessar inclusive os recursos do ano passado que ficaram retidos porque o índice mínimo de patrocínio (20%) não foi alcançado. Já os recursos do Simdec, que não vieram em 2016, foram essenciais para concretizar a vinda das atrações.
No total, a feira deste ano tem um investimento de R$ 400 mil.Por fim, o público que for conferir os bate-papos, as sessões de autógrafos, os seminários, as oficinas e os espetáculos não sofrerá com o calor. Segundo Sueli, a mudança de data também deu mais tempo para as escolas trabalharem o tema da feira e incentivarem a visitação. Além disso, a agenda dos autores estaria mais leve, tanto que muitos estão pedindo para ficar mais dias para poderem conhecer a cidade.
– Graças a tudo isso, considero que iremos fazer a melhor feira destes 14 anos – comemora Sueli.
