A etiqueta do coronavírus.
Que o presidente da República esteja preocupado com a paralisação da economia e até com os efeitos eleitorais de uma crise de saúde e renda, é compreensível. Mas que ele desafie a orientação de agentes de saúde, saindo às ruas, promovendo aglomerações e cumprimentando as pessoas, como se estivesse em campanha, não tem explicação. O exemplo que o mundo precisa agora não é o de um líder passando o braço no nariz e apertando a mão de uma mulher idosa.
O país está entrando na fase do pico do coronavírus. Até sexta-feira, foram registrados 19.638 casos e 1.056 óbitos. O momento é de reforçar o isolamento social para que todos possam sair o quanto antes desse processo, com o menor trauma possível. Populismos não fazem sentido.
A narrativa que o presidente e o seu grupo querem construir é de que Bolsonaro está ao lado do povo, é destemido e não aceita as restrições às liberdades individuais. Seria um contraponto a seu mais novo arquirrival, o governador João Doria (SP), que ameaça impor medidas cada vez mais restritivas para obrigar as pessoas a ficarem mais em casa. Afinal de contas, o próprio Ministério da Saúde coloca a cidade de São Paulo na lista das situações mais problemáticas.
Preocupado com o aumento dos casos, também o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro,
por exemplo, tem apertado o controle. Ele usou as redes sociais para avisar:
– Vai ao mercado, à farmácia, à padaria ou a qualquer outro comércio liberado? Somente com máscara. Por enquanto, é orientação para que todos tenham tempo de comprar ou fazer a sua. Em alguns dias será exigência.
Quando o próprio presidente da República não respeita a nova etiqueta social imposta pelo coronavírus, é porta aberta para que a população em geral acredite que o pior já passou. Basta saber ler um simples gráfico para entender que o momento é de alerta máximo.
Plano safra
A antecipação do anúncio do plano safra e o aumento de recursos para financiar a produção estão em discussão no governo. A proposta foi levada pelo presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Alceu Moreira, à ministra Tereza Cristina (Agricultura). O argumento é o de que, se o campo estiver melhor estruturado, terá como ajudar na retomada da economia.
A distância
O Ministério da Saúde está satisfeito com os primeiros resultados do TeleSUS, dentro do plano de controle do coronavírus. Desde 1 º de abril,
já foram atendidas 2 milhões de pessoas, das quais 88,8% foram consideradas saudáveis, 5,56% com risco baixo, 1,44% com risco moderado e 4,2% com alto risco.