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Chloé Calmon e os míticos caballitos de totora

Chloé Calmon e os míticos caballitos de totora

 

Longboarder aproveita viagem ao Peru para surfar com os míticos caballitos de totora

O fato de viajar para diversos países, me ajuda a entender e conhecer mais sobre a cultura do surf de cada lugar, e consequentemente a estudar a história do esporte em geral.

Alguns países conhecem o surf há poucos anos. Outros praticam o deslizar nas ondas por décadas. Mas… E quando falamos de centenas de anos?

Escrevo essa coluna diretamente do Peru, um país com forte tradição no surf e rica variedade de ondas. E não há como falar do Peru sem citar os caballitos de totora – aquelas embarcações feitas de palha, facilmente encontradas nas praias do norte.

Segundo historiadores, os caballitos são um tipo de embarcação construídos desde mil a três mil anos a.C. Eram usados no passado para transportar um navegante e seus aparelhos de pesca. E os pescadores passaram a deslizar com as ondas em direção da praia, para chegar a beira d’água com os peixes.

Nos dias de hoje, os caballitos viraram peças folclóricas e utilizam-se do mesmo material e forma de construção, com algumas inserções de pedaços de isopor e garrafas de plástico para aumentar a flutuação.

Huanchaco, localizada no norte do Peru, vizinha de Chicama, a onda mais longa do mundo, é o berço dos caballitos. O local é uma Reserva Mundial de Surf devido à sua importância histórica e cultural para o mundo.

Ao caminhar pela praia de Huanchaco, é possível avistar muitos caballitos de diversos tamanhos. Enquanto surfava, eu dividia o outside com pescadores sentados em seus caballitos. Há também um tipo um pouco maior, usado para remar; e o menor de todos, adaptado exclusivamente para surfar.


Parecia ser difícil, mas eu tinha que tentar!

Dentro d’água, fiz amizade com o Jose Carlos, local de Huanchaco, que me convidou para surfar com um dos caballitos. Parece que ele leu a minha mente, pois os meus olhos brilhavam pelas embarcações. Parecia ser difícil, mas eu tinha que tentar.

Antes de entrar na água, José Carlos colocou lado a lado os dois tipos extremos de caballito: o grande, utilizado para pesca, e o pequeno, ideal para surfar.

O amigo disse que os peruanos aprendem desde pequenos qual é a ligação deles com o mar, e que há muitos anos existem competições só para surfistas e experts em caballito de totora. Ele me contou também, que as embarcações são feitas em algumas horas e que têm vida útil de aproximadamente dois meses.

Comecei a surfar com o caballito maior… Sentei no centro, com as pernas esticadas nas laterais, e utilizei como todos um pedaço de bambu como remo. Usei de muito esforço físico para movimentá-lo e demorei para encaixar o timing certo da remada. Confesso que fiquei com certo medo na hora de atravessar as ondas, mas ajudada pela curva do bico, até que é uma tarefa bem simples.

Na hora em que você entra na onda, o certo é posicionar o remo pra trás e pro fundo, como se fosse uma quilha mesmo para ajudar a direcionar a prancha.

Remei em umas 10 ondas até conseguir deslizar por alguns segundos… Depois da primeira tentativa, veio aquele brilho no olhar de estar fazendo algo pela primeira vez… surfando pela primeira vez. De novo. É uma sensação incrível! E competitiva do jeito que eu sou, que alonga o dedo até no par ou ímpar, só ia sair da água quando conseguisse pegar ao menos uma onda.


O “retoside” mais irado da vida!

Troquei de caballito com o Jose Carlos, agora pelo menor e mais estreito. E pelas dimensões, pude deitar para remar e levantar ao pegar as ondas. Com certeza, o mais próximo de uma prancha de surf, e na terceira tentativa fiquei de pé. Foi o “retoside” mais irado da minha vida!

Ter a chance de experimentar equipamentos variados e de épocas diferentes é algo muito enriquecedor. Já tive a oportunidade de surfar com longboards de madeira, feitos na década de 60. E agora, após ter surfado com um caballito de totora, tenho em mente e coração um enorme respeito aos nossos ancestrais que, em cada canto do mundo, trabalharam para com a evolução da arte de deslizar sobre as ondas.

Acredito que este pensamento ajuda o surfista a ampliar seu campo de visão e conhecimento para além do esporte, alcançando vertentes relacionadas à próprio história e comportamentos.

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