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Entrevista: Economista Internacional avalia comércio exterior de SC pós-pandemia

Confira a entrevista com o economista e analista político que atua há mais de 30 anos nos Estados Unidos, Carlo Barbieri. O economista faz uma avaliação o protagonismo que Santa Catarina deve ter no comércio exterior brasileiro, principalmente na exportação de carne para os EUA e China.

Mesmo com a pandemia as exportações de suínos cresceram de Santa Catarina de acordo com o Departamento de Alfândegas. O principal destino foi a China, maior consumidor de carne suína do mundo. O economista e analista político, Carlo Barbieri, que atua nos EUA há mais de 30 anos, acredita no potencial do estado para alavancar comércio exterior brasileiro.

Apenas em março deste ano foram embarcadas 37 mil toneladas em Santa Catarina, com faturamento de US$ 85 milhões. China e Hong Kong representam 68% desse volume. As exportações para a China cresceram 117%. De acordo com a Associação Catarinense de Avicultura, o volume não foi maior porque três plantas frigoríficas não foram habilitadas devido à paralisação das inspeções, por conta do coronavírus.

Nesta entrevista, Carlo Barbieri avalia os dados da pesquisa realizada pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola Cepa/Epagri sobre no panorama atual das exportações de carnes de Santa Catarina e comenta o protagonismo do estado na recuperação econômica pós-pandemia.

Veja a entrevista:

Onevox Press: Carlo Barbieri, por que o cenário de exportações de carnes está favorável para Santa Catarina na recuperação dessa crise sanitária do Covid-19?

Santa Catarina tem uma série de vantagens competitivas dentro do mercado nacional, bem como em relação com outros países. O estado tem um parque industrial muito bem estruturado e que não perdeu muito em capacidade durante esses últimos 20 anos, em que a indústria não pode exportar em função da política do governo central, que era mais favorável ao fornecimento de produtos para o mercado interno, em detrimento da exportação.

O estado continua competitivo na área agrícola, em particular. Santa Catarina tem força na produção de proteína animal. O estado deve ocupar um lugar de destaque no comércio exterior brasileiro. Isso porque a pandemia não só acabou atrapalhando a produção nos EUA, como também na China. Com isso, SC se coloca como um estado eminentemente provedor de produtos de alta qualidade para o mundo e para esses dois grandes países, em particular.

Onevox Press: Dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola Cepa/Epagri demonstram que temos um aumento no volume e faturamento das exportações em relação a março de 2019. As empresas catarinenses estariam trabalhando no seu limite e que a demanda chinesa deve ter continuidade. É isso que o cenário internacional tem demonstrado Carlo Barbieri?

O preço deve continuar igual ou superior, porque há uma demanda e não há produção. E Santa Catarina pode se preparar para aumentar sua capacidade de produção, porque a procura dos produtos produzidos no estado está muito boa. SC está com uma expressão alta não só na parte agrícola, como industrial e tecnológica.

Onevox Press: Carlo Barbieri, sabemos que Santa Catarina é dos maiores exportadores de carne de frango e tem tentando ampliar mercados na produção suína. Há espaço para crescimento da exportação de carne suína?

Com a peste que se abateu na produção suína na China desde 2019 o país tem demandado uma compra a nível mundial, que não está sendo atendida. Então, é realmente um seguimento interessante de entrar. A China, em particular, tem tido altos e baixos nessa produção agrícola, principalmente na área animal por conta da falta de “atenção” na área de saneamento. Santa Catarina com a sua qualidade internacionalmente reconhecida pode ocupar esse espaço com grande vantagem.

O importante é manter o custo de produção baixo, porque na medida em que a China retorne a sua capacidade de produção, ela vai procurar produtos que possam manter a qualidade, mas também que tenham preços competitivos.
Onevox Press: A China sempre trabalha com a questão da balança comercial. Nesse fator, o Brasil, por conta da crise tem importado um pouco menos, mas por outro lado tem mantido as suas exportações. Carlo, você acredita que a China deve manter a abertura de mercado?

A China não tem problema de divisas. Ela tem um programa de US$ 2 trilhões de reservas só em bônus no tesouro americano. Então é claro, há interesse da China em continuar a sua exportação. A China tem, inclusive, um projeto que chama “Made in China 2025” que representa o domínio do comercio mundial através da logística. Um projeto oficial do partido comunista da China. Por isso que ela criou a rota da seda, ampliou toda a sua capacidade de compra na área de portos e construção de ferrovias. O país sabe que a demanda dela é crescente. À medida que melhora a qualidade de vida do chinês o país precisa de mais produtos, particularmente agrícolas. E a parte da exportação da China está mais voltada para o seguimento industrial. Que é onde praticamente o país ganha mais e pode pagar melhor os seus cidadãos.

Sem dúvida, o mundo inteiro vai comprar menos, não é só o Brasil que diminuiu a sua compra. A demanda de petróleo caiu a praticamente caiu a quase zero. Então a China vai buscar um reequilíbrio, mas esse reequilíbrio não é necessariamente contra o Brasil. Porque o Brasil é um parceiro importantíssimo para a China. E o Brasil pode tirar um grande proveito nessa ocasião agora, em que ela continuará tendo que disputar mercado para os seus produtos e ela está sofrendo uma série de ações, inclusive públicas no nível da justiça em função de ter liberado de maneira irresponsável e tardia informações do vírus que está causando esse problema no mundo inteiro. Então a China terá de refazer-se politicamente com o mundo em geral.

Onevox Press: Outros mercados podem ser favoráveis para Santa Catarina? Há perspectivas de que Santa Catarina consiga ampliar relações também o mercado americano?

Nós vamos ter um realinhamento na estrutura comercial do mundo. Temos um mundo globalizado numa tentativa de ampliação do comércio, principalmente em nível de instituições regionais. Tinha a questão da União Europeia, MERCOSUL. Essa globalização por áreas ela está praticamente terminando. Então vamos ver agora uma nova estrutura comercial, a nível mundial, baseado nos acordos bilaterais.

A saída da Inglaterra da União Europeia, a Argentina do MERCOSUL. Então as novas relações comerciais serão estabelecidas entre países. Como os EUA fez com o Japão e com o Brasil. Então o Brasil é um país provedor de produtos preferencialmente para os EUA. E tem um fato adicional aí. Com a crise com a China as grandes empresas internacionais tendem a sair da China. Estão buscando outro lugar onde ancorar as suas atividades para continuar prover seus produtos ao mercado maior do mundo, que são os EUA. E o Brasil é o parceiro preferencial nesse sentido.

Então, por um lado eu acho que abre um mercado americano para substituir produtos que normalmente vinham da China. Eu lembro que a China exportava US$ 800 bilhões para os EUA anualmente e só comprava US$ 400 bilhões. Ou seja, há desbalanceamento grande, e por outro lado as indústrias que estão saindo de lá buscarão países como o Brasil para por a sua indústria.

Em Santa Catarina há uma grande possibilidade de o estado poder exportar o que já produz e também receber tecnologia e investimento dessas indústrias que estão saindo da China e que estão buscando outro lugar para ficar. Santa Catarina é um lugar preferencial pela sua segurança, pela qualidade de vida, pelo nível educacional do seu povo. É uma oportunidade ímpar para SC esse momento histórico que passa a economia mundial.

*Carlo Barbieri é analista político e economista. Com mais de 30 anos de experiência nos Estados Unidos, é Presidente do Grupo Oxford, a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA. Consultor, jornalista, analista político, palestrante e educador. Formado em Economia e Direito com mais de 60 cursos de especialização no Brasil e no exterior. oxfordusapontocom

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