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Pandemia provoca queda histórica nos transplantes

Apesar da retomada de muitas atividades, as cirurgias de transplante ainda estão
sendo realizadas de forma gradativa em todo o Brasil. A Coordenadora de
Transplantes da Fundação Pró-Rim, Dra. Luciane Deboni, aborda o cenário e as
expectativas para os próximos meses de 2021.

O ano de 2020, que marcou o início da pandemia, não foi nada favorável aos
pacientes em lista de espera para o transplante de órgãos no País. As cirurgias de
transplante, que vinham aumentando ano a ano, sofreram uma queda histórica em
comparação com os últimos dez anos.

Algumas foram mais afetadas como é o caso do transplante de rins de doador vivo,
com redução de 64%. No caso dos transplantes de rins em vida, foram realizadas
apenas 411 cirurgias do tipo em 2020, ante 1.076 em 2019, segundo o relatório da
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

A Coordenadora dos Transplantes da Fundação Pró-Rim, a médica nefrologista Dra.
Luciane Mônica Deboni, faz uma avaliação do quadro de transplantes no Brasil, diante
da pandemia. Ela observa que Joinville (SC), que é referência nacional em transplante
renal, realizou um número irrisório de cirurgias em 2021. Segundo ela, a área de
transplante do Hospital Municipal São José, virou setor de COVID no auge da
pandemia, entre os meses de março, abril e maio.

A médica nefrologista explica que até 2019 o Brasil vinha numa curva ascendente.
Porém, complementa Luciane, “a partir de 2020, com o início da pandemia, esses
números obviamente caíram abruptamente não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Como o País têm suas diferenças, com variados cenários, em algumas regiões os
transplantes foram mantidos por algum tempo, mas cedo ou tarde também tiveram que
suspender as cirurgias temporariamente”, avalia a médica.

Retorno lento

Em Santa Catarina, especificamente em Joinville, não foi diferente. Houve uma
diminuição considerável no número de transplantes em 2020 e até em 2021. E,
embora o Estado não seja tão grande, houve variação em algumas regiões. A médica
cita como exemplo o Hospital Municipal São José de Joinville que é inteiramente
público e virou referência para a COVID-19 em toda a região Norte de Santa Catarina.
“Isso impactou muito com a suspensão do transplante renal no Hospital. Agora,
lentamente estamos voltando a fazer transplantes”, garante.

Sete transplantes

“Neste ano fizemos apenas sete transplantes em único mês (agosto), o que não foi
muito ruim, e seriam 84 transplantes no ano mantendo essa média mensal, levando-se
em conta o cenário negativo. Mas a pandemia não passou e a gente tem que estar
lidando com variações, como aumentos de casos e suspensões. Então não existe um
cenário de tranquilidade em relação a esta retomada dos transplantes. Estamos
tentando recomeçar para que não fique totalmente parado e os pacientes obviamente
necessitam do transplante”, define a médica.

Lista de espera

Em relação ao processo dos novos pacientes em lista, segundo a nefrologista, não se
deixou de avaliar e nem incluir os pacientes nessa lista. “Isso se refletiu no aumento
do número de pacientes em lista de espera, já que o número de transplantes diminuiu, a inserção continuou e obviamente esta lista cresceu”.

O tempo em média de espera para o transplante é difícil projetar em razão da pandemia, destaca a Dra. Luciane.

“Não dá para comparar porque essa média se fazia analisando os últimos anos e
temos uma pandemia no último ano. Alguns pacientes estão na lista e tendo a sorte de
eventualmente transplantar. Ou seja, não reflete a realidade de um período mais
longo. O número de transplantes (sete) é reduzido, mas temos que retomar com muito
cuidado”.

Otimismo

“Antes da pandemia, os números de transplantes do Brasil e do mundo vinham numa
curva crescente, bastante otimista, mas o planeta inteiro foi impactado com isso”,
reforça a Coordenadora dos transplantes da Pró-Rim. “As pessoas começam a se
readaptar com a nova realidade. Acredito que logo vamos voltar a ter uma atividade de
transplante mais significativa”, acredita. O importante agora, afirma, a médica, é que
os pacientes sejam vacinados e, mantenham os cuidados, já que a vacinação em
imunossuprimidos, quer transplantados ou em diálise, não reduziu significativamente a
mortalidade.

“Isso é muito duro dizer e algumas pessoas podem achar que então nem vale a pena
se vacinar. Muito pelo contrário. Por isso que está sendo aplicada esta terceira dose
que foi liberada pelo Ministério da Saúde nos pacientes mais idosos e
imunossuprimidos, os quais formam a população que têm maior dificuldade em montar
uma resposta imunológica e se tornar mais imune à COVID-19. Essa preocupação a
gente continua tendo, ao pedir aos pacientes transplantados e em hemodiálise para
evitar a contaminação”, esclarece.

Pacientes contaminados

Segundo ela, “a comunidade transplantadora está muito preocupada com os pacientes
transplantados porque houve até um aumento dos casos de COVID em 2021 nessa
população, quando comparado com 2020, possivelmente como um reflexo da
flexibilização das medidas, como uma falsa segurança que os pacientes passaram a
ter depois que se vacinaram”.

Para a especialista, isso mostra que os pacientes não podem e não devem diminuir os
cuidados porque estão vacinados. Ou seja, é recomendado uso de máscara o tempo
todo, inclusive em casa, manter o distanciamento social e evitar locais fechados.
Portanto, diz a Dra. Luciane Deboni: “a COVID é sim um fator que impacta a
realização de cirurgias por todo o Brasil. Mas, com a vacinação, houve um avanço
muito grande quanto à redução de ocupação dos leitos hospitalares. A população em
geral, vacinada, se torna muito protegida, em relação a doença e tem uma resposta
muito boa”.

Vacinação

Ela conclui que “Isso é um reflexo de apesar da variante Delta já estar em nosso meio,
o número de casos não aumentou exponencialmente, como se imaginava. Ainda não
dá para dizer que isso não acontecerá, mas certamente a vacinação é a forma que a
gente pode diminuir a circulação do vírus, reduzir a taxa de contágio e assim, proteger
essa população mais vulnerável, que são os idosos e imunossuprimidos que não
conseguem através da vacinação ter uma proteção individual. Os desafios para os
próximos anos é justamente a gente conseguir lidar com a pandemia, que não vai
passar totalmente”, prevê.

Alerta
Ela faz um alerta de prudência ao finalizar: “Penso que nós vamos ter que conviver
com esse vírus por um período significativo, talvez por mais alguns anos. Vamos ter
que contar com a colaboração de todos, especialmente com a vacinação. Somente
quando a população for vacinada em massa, a gente realmente vai conseguir reduzir a
circulação do vírus.

Existem muitas pessoas que não quiseram se vacinar, que estão
sendo internadas nas UTIs com quadro grave”, conclui a Coordenadora de
transplantes da Fundação Pró-Rim.
Léo Saballa
Jornalista – Fundação Pró-Rim

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