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Poluição sonora traz prejuízos à aprendizagem das crianças

Exposição a ruídos ocasiona problemas de saúde a alunos e professores nas escolas

Considerada a segunda maior causa de poluição ambiental, atrás apenas da poluição atmosférica, a poluição sonora é um problema cada vez mais comum nas áreas urbanas do planeta. E se o excesso de ruído já causa uma série de complicações físicas e psicológicas nos adultos, as crianças são ainda mais afetadas. Isso acontece porque o canal auditivo de uma criança é muito menor do que o de um adulto. E a pressão que entra no ouvido consequentemente é maior, o que aumenta os riscos de problemas auditivos. Mas essa não é a única preocupação já que a exposição a altos níveis de ruído também atrapalha o desenvolvimento e o aprendizado.

E é justamente na idade escolar que as crianças estão mais expostas a ruídos elevados e suas complicações. O barulho em excesso e a falta de tratamento dos ruídos nas escolas geram dificuldades de comunicação e aprendizagem, prejudicam o desenvolvimento e aumentam o estresse e a frequência cardíaca.

Durante a fase de desenvolvimento da fala, a poluição sonora limita a capacidade de aprendizagem das crianças. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Wisconsin-Madinson (EUA), o ruído interfere na assimilação do significado de novas palavras, pois dificulta a concentração dos pequenos.  O estudo foi realizado com 106 crianças entre 1 ano e 10 meses a 2 anos e 6 meses (22 a 30 meses) e mostrou que as que estavam em ambiente sem ruídos conseguiam assimilar com mais facilidade os significados de palavras ditas pelos pesquisadores.

Mas apesar de ser nesta fase a maior probabilidade de crianças sofrerem prejuízos auditivos, os ruídos impactam a saúde dos pequenos antes mesmo do nascimento. Ainda que os músculos da barriga da mãe abafem boa parte do som ambiente, a partir do sétimo mês de gestação a audição do bebê já está desenvolvida. Segundo um estudo publicado pelo Institute Of Environmental Medicine, da Suécia, o risco de disfunção auditiva dos bebês é 80% maior nos casos em que as mães são expostas a ruídos de mais de 85 decibéis (dB).

– A falta de acústica adequada em uma escola ocasiona uma série de problemas que afetam estudantes e professores. O principal deles está relacionado à inteligibilidade da fala, ou seja, ao nível de dificuldade que o ouvinte tem de compreender o que o orador está falando. Em sala de aula, a inteligibilidade da fala é afetada pela combinação da reverberação do ambiente com o ruído residual proveniente do ambiente externo, do próprio edifício ou de equipamentos – explica Pablo Serrano, PhD em Engenharia e Meio Ambiente pela University Of Southampton, no Reino Unido, mestre em Acústica pela UFSC e diretor do Portal Acústica, plataforma que oferece cursos online, presenciais, e materiais didáticos sobre acústica para estudantes, profissionais e empresas.

Segundo o especialista, a NBR 10.151, norma brasileira elaborada pela ABNT, e recentemente revisada, estabelece que os níveis de pressão sonora para ambientes externos em áreas escolares são de 50 dB no período diurno e de 45 dB durante a noite. Já em ambientes internos, os níveis de conforto acústico, de acordo com a NBR 10.152, são os seguintes: 45 dB em bibliotecas, salas de música e desenho; 40 a 50 dB em salas de aula e laboratórios e 45 a 55 dB em áreas de circulação.

Na prática, a realidade de muitas escolas é bem diferente. Em um estudo realizado em dez escolas do Distrito Federal, os níveis de ruídos estavam acima dos valores recomendados em 90% das instituições avaliadas. Uma das escolas, localizada em uma das rotas de aviões que leva ao Aeroporto Internacional de Brasília, os níveis de pressão sonora ultrapassaram os 90 dB. Já em outra instituição de ensino, situada próxima a uma avenida muito movimentada de Taguatinga, foram registrados níveis acima de 65 dB por conta do intenso tráfego de veículos.

Os dados mostram que a localização inadequada das edificações dentro da malha urbana e a falta de tratamento adequado contribuem não apenas para que crianças e adolescentes tenham dificuldades de aprendizado e perda de concentração durante as aulas, mas também para que professores desenvolvam problemas vocais e de estresse.

Acústica nas escolas

Contar com o apoio de um profissional de acústica é essencial para elaborar projetos e obras em escolas. O profissional vai fazer a análise do layout da instituição e dos materiais de revestimento que serão utilizados levando em consideração as características da edificação, sua localização e as fontes de ruídos externos que contribuem para a poluição sonora do ambiente escolar.

Escolas que ficam próximas a fontes de ruído intenso, como aeroportos e rodovias – caso das instituições analisadas no Distrito Federal – precisam de um projeto acústico específico. Alguns problemas acústicos podem ser minimizados já na definição do layout da escola. Nessa fase, o projetista acústico vai identificar quais são as áreas mais sensíveis e separá-las da mais barulhentas por corredores, divisões de edifícios etc. Esse zoneamento é utilizado ainda para evitar que fontes ruidosas como a quadra de esportes, por exemplo, fiquem próximas de áreas sensíveis.

– Em relação ao isolamento acústico, é preciso utilizar materiais e alternativas adequadas à estrutura da escola. Algumas das soluções mais utilizadas para diminuir a reverberação nos ambientes e, consequentemente, aumentar a inteligibilidade da fala são: forros e revestimentos, além da redução da altura do teto. Outros pontos que merecem atenção em um projeto acústico para escolas são o sistema de ventilação, a geometria adequada da sala, o uso de mobílias e isolamentos para evitar o paralelismo das salas de aula. Viver em ambientes mais silenciosos é uma questão crucial para a saúde do ser humano em todas as idades. E o cuidado com a exposição das crianças ao ruído é uma forma de garantir seu desenvolvimento físico e cognitivo – finaliza Serrano.

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