Startups: risco e oportunidade
O brasileiro é essencialmente criativo. Novas ideias e inspirações surgem a todo momento e o mundo reconhece essa personalidade diferenciada. Desde o avião até o identificador de chamadas, essas criações mudaram o cotidiano ao redor do planeta e, em comum, tiveram o nosso país como berço. Essa iniciativa inovadora não se perdeu ao longo do tempo, prova incontestável disso é a quantidade de startups que surgem diariamente. No entanto, para a concretização desse tipo de projeto é comum a necessidade de apoiadores.
Para que essa parceria seja benéfica e construtiva, porém, é fundamental atenção. As aceleradoras precisam estar cientes, por exemplo, de fatores como o cumprimento de obrigações legais e organização dessa nova empresa.
Um compilado de estudos realizados recentemente mostra que, infelizmente, apenas 4,5% das startups brasileiras atingem as cem primeiras pessoas dispostos a pagar pelo serviço. Ou seja, uma análise profunda antes de qualquer investimento é essencial.
Uma pesquisa inicial para comprovação de que se trata de uma aposta de baixo risco pode ser feita por meio da averiguação de certidões. Mesmo com a possibilidade de certas pendências ainda não constarem nesses registros, esse é um primeiro passo na busca por contingências.
Do mesmo modo, a confirmação da propriedade intelectual, o que inclui marca e software, cumprimento de obrigações trabalhistas, mesmo de quem já foi desligado da empresa, e recolhimento adequado de tributos, devem ser levados em consideração já nesse estágio. Afinal, além de evitar dores de cabeça no futuro, esse tipo de pesquisa mostra a organização e responsabilidade dos líderes da startup.
Por fim, é preciso ter em mente que nem sempre os investimentos mais inovadores ou mais disputados são a melhor opção. É preciso ter consciência se os ideais da startup e da aceleradora estão em sintonia, pois após o fechamento do contrato há ainda um longo percurso a ser percorrido lado a lado. Em outras palavras, não basta apenas o impulso de fazer a diferença em um mercado novo, é irrefutável estar assessorado por profissionais especializados.
Daniel Teske Corrêa, advogado especialista em Direito Empresarial e professor universitário