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Sorriso aberto, resenha e serenidade: o Jakson por trás do incrível Follmann

O coração de Jakson Follmann sempre foi dividido: de um lado, o futebol. Do outro, a música. Com título sugestivo, a canção “Raridade”, do cantor gospel Anderson Freire, virou hino da recuperação do acidente aéreo de 29 de novembro. Na manhã de terça, a agonia de 56 dias em hospitais acabou e o jovem de 24 anos, enfim, voltou para casa. Horas depois, recebeu o GloboEsporte.com. Em pauta, nada da tragédia. O Follmann sai de cena para dar lugar ao Jakson. Moleque irreverente, bem resolvido e que, musical como sempre, tem um lema que se confunde com mais um clássico nacional: “Sorriso aberto”. Na noite desta quarta, o goleiro, ao lado dos demais sobreviventes brasileiros do voo da LaMia, serão homenageados no amistoso Brasil x Colômbia, no Engenhão.

Na letra, a sambista Jovelina Pérola Negra canta um “tipo que balança, mas não cai, de qualquer jeito vai ficar bem mais legal, para nivelar a vida em alto astral”. É assim que Jakson se apresenta para o mundo. A amputação na perna direita é incapaz de impedi-lo de exibir os dentes emoldurados pelo aparelho. Menino do interior do Rio Grande do Sul, virou homem em Porto Alegre, ídolo em Minas Gerais e lenda em Chapecó. Por trás do Follmann que o Brasil já conhece, há um Jakson orgulhoso da curta carreira de goleiro, ex-parceiro de dupla sertaneja do João, cheio de resenhas com parceiros do Juventude e, principalmente, com olhar firme para o horizonte que o espera:

Sou um cara muito tranquilo, brincalhão. Sou para cima, alegre. Durmo dando risada, acordo dando risada. Desde pequeno sou assim. Não tem ruim comigo, vivo rindo. Isso que temos que levar da vida. Claro que há momentos de tristeza, mas o Jakson, com certeza, tem mais momentos de alegria. Estou sempre de bem com a vida, feliz, brincando, bem descontraído.

Descontraído e bem disposto. Nesta quarta, Follmann decolou em Chapecó por volta das 6h rumo ao Rio de Janeiro. A noite será de homenagens no Jogo da Amizade entre Brasil e Colômbia, no Engenhão, com fundos revertidos para familiares de jogadores, comissão técnica e dirigentes que perderam a vida em 29 de novembro. Oportunidade para os cariocas conhecerem um Jakson com várias facetas:

O bagunceiro

Em casa, Mano. Para torcida da Chape, Follmann. Já para os amigos, Bugio. A trajetória do goleiro no futebol está diretamente ligada a um quarteto que colecionou histórias ao longo de dez anos de amizade. Follmann, Ramiro, Alex Telles e Bressan trocaram o Juventude pelo Grêmio praticamente que ao mesmo tempo. Fosse em Caxias do Sul ou em Porto Alegre, eram inseparáveis. E ao ser “dedurado” pelos companheiros em mensagens de apoio, Follmann não pensou duas vezes e deu o troco bem humorado:

– Tinha uma janta no interior de Caxias, eu tinha meu primeiro carro, mas a cada volta tinha que ir para oficina arrumar. Nessa noite, não foi diferente. Chegamos no posto, eu e Bressan, e o carro não andou mais. Ficamos desesperados, não conseguíamos falar com os guris para pegar carona, mas no final deu tudo certo (risos). Já o Alex (Telles), quando morávamos juntos, quis adotar um cachorro. Eu era muito contra, não queria. Acabava que ele ia para os jogos e o Follmann que tinha que cuidar de xixi, cocô… Era uma babá. Até que um dia, ele nem sabe disso, espero que não fique bravo (risos), peguei a Pipoca, botei dentro do quarto dele e tranquei para ele ver que ela destruía tudo. E ela destruiu. Quando ele chegou, eu disse: “Olha, Alex, saí de casa e ela fez a maior zorra no seu quarto” (risos). São várias histórias.

Follmann em casa Chapecó (Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com)

Com passagens por Galatasaray e Inter de Milão, Alex Telles (e Pipoca) está no Porto, enquanto Ramiro continua no Grêmio. Emprestado ao Peñarol, Bressan está próximo de retornar ao clube de origem a pedido de Renato Gaúcho para disputa da Libertadores.

O goleiro

A fama nacional não chegou da maneira que Follmann imaginava. Os 11 anos que separam a saída de Boa Vista do Buricá até o acidente de 29 de novembro, entretanto, foram suficientes para que se sinta realizado como jogador de futebol. Descoberto pelo Grêmio aos 13, profissionalizou-se no Juventude cinco anos depois, sendo destaque e pegando o caminho de volta para o Olímpico. Em campo, foram poucas as oportunidades, mas o retorno propiciou momentos inesquecíveis ao lado do maior ídolo:

– Quando eu era pequeno, brincava de bola com meu pai e dizia que era o Dida. Chegar no Grêmio e tê-lo como companheiro foi uma coisa incrível, uma experiência que vou levar para sempre. Às vezes, olhava para o lado e dizia: “Caramba, esse cara está aqui. Falava que queria ser o Dida e hoje treino com ele” (…) Tive uma carreira vitoriosa, muito bonita. Por onde passei, sempre fui bem recebido e pude voltar. Isso é o mais importante. Infelizmente, agora estou de corneta (risos), do lado de fora. Foram 11 anos que vivi tudo isso e não me arrependo nem um pouco. Vai dar muita saudade.

Após três anos de contrato – com um empréstimo para Linense -, Follmann deixou o Grêmio e viveu seu auge pela URT, no último Campeonato Mineiro (confira no vídeo acima). Como capitão, foi o destaque da equipe de Pato de Minas na campanha até a semifinal e ao título do interior. Foi negociado com a Chapecoense, onde tem contrato até o fim de 2017 e atuou em uma partida, contra o Cuiabá, pela Copa Sul-Americana.

O vídeo que viralizou na internet e a desenvoltura para cantar diante da imprensa na coletiva de alta do hospital (confira no vídeo abaixo) não são obra do acaso. A música tem papel tão importante quanto o futebol na vida de Follmann. Filho de pai e mãe com famílias de músicos, desde pequeno aprendeu a tocar violão e divide os vocais com a irmã dentro de casa. Com o fim precoce da carreira nos gramados, o jovem de 24 anos não descarta se aventurar nos palcos, mesmo que timidamente. E o próprio conta que a experiência não seria novidade:

O músico

– O mundo da música é parecido com o futebol, muito concorrido. Mas quem sabe? Passam tantas coisas na cabeça. Se o povo me aturar e gostar, talvez um dia. Sempre quis ser jogador ou cantor. Tenho um amigo de infância, o João Colossi, que tocávamos juntos em pizzarias. Era João e Jakson. Queria ser músico, tínhamos também uma bandinha “Boca Livre” (risos). Tocávamos tudo, música de baile. É uma das coisas que quero fazer quando puder ir para o interior: reunir a galera e tocar um violão.

– O mundo da música é parecido com o futebol, muito concorrido. Mas quem sabe? Passam tantas coisas na cabeça. Se o povo me aturar e gostar, talvez um dia. Sempre quis ser jogador ou cantor. Tenho um amigo de infância, o João Colossi, que tocávamos juntos em pizzarias. Era João e Jakson. Queria ser músico, tínhamos também uma bandinha “Boca Livre” (risos). Tocávamos tudo, música de baile. É uma das coisas que quero fazer quando puder ir para o interior: reunir a galera e tocar um violão.

Em casa desde a tarde de terça-feira, Follmann ainda não pôde tomar um chimarrão e matar a saudade do velho companheiro. O violão segue em Porto Alegre, mas o goleiro não esconde: quer reencontrá-lo o mais rápido possível.

O filho

Em todo processo de recuperação, não foram poucos os que estiveram com Follmann no hospital e saíram impressionados com o modo como encarava toda tragédia. Sereno e obstinado, o goleiro sempre ressaltou o foco na recuperação. Postura que o próprio garante vir da educação recebida por Seu Paulo e Dona Marisa. De família humilde de Boa Vista do Buricá, os pais batiam na tecla de que o menino que encarou os 500km até Porto Alegre aos 13 anos devia sempre respeitar o próximo e as origens. Mais de uma década depois, a sensação é de dever cumprido:

– Olha, falar do Mano (apelido)… Era uma criança que deitava rindo, acordava rindo, sempre brincando, feliz. Nunca nos deu dor de cabeça. Ele é o meu bebê, o mais novo, e quando saiu de casa foi difícil. No dia que ele falou que iria a Porto Alegre, eu dizia que não, que era muito novo. Até que concordei, mas passava a roupa, arrumava a mala e dizia: “Tomara que não dê certo! Tomara que não dê certo! Ele vai, mas vai voltar”. Foi e não voltou. Ficou. E o coração de mãe tem que apoiar o sonho. Deu certo, foi um menino de ouro – derreteu-se Dona Marisa.

Família Follmann Chapecó (Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com)

– Desde a infância, ele sempre foi muito brincalhão, gostava de imitar as pessoas, sempre gostou de música. É um filho maravilhoso, que sempre soube o que queria da vida. Nunca nos deu dor de cabeça. É um filho exemplar. Mesmo com toda situação que passou, com dor, brincava, fazia piadas. Isso ajudou muito na recuperação. Sempre inspira alegria e está sempre feliz, alegre – concluiu Seu Paulo.

O apaixonado

O casamento marcado para o dia 16 de dezembro do ano passado ficou para depois, mas certamente é questão de tempo. No processo de recuperação de Follmann, uma pessoa esteve inseparável junto com os pais desde os primeiros dias na Colômbia: Andressa Perkovski. A noiva é mais uma a enumerar qualidades ao definir o goleiro longe dos gramados e microfones.

– Não vou fazer muita propaganda, né!? Vai que chama demais. Desde o primeiro momento, o Jakson sempre foi uma pessoa muito especial. É super carinhoso, me coloca em primeiro lugar, cuida muito de mim. Sempre planejamos o futuro, a vida, crescer… Agora, os planos são maiores. Sempre compartilhamos as mesmas ideias, fomos parceiros. Ele canta para mim, só não faz música, não compõe, mas canta. Estávamos com casamento marcado. Ele diz que depois que protetizar vai casar, mas eu digo: “Amor, só daqui a um ano vai ficar pronto” (risos). É um menino bom, carinhoso. Não tem como não se apaixonar.

Follmann iniciará o processo de protetização na próxima segunda-feira, em São Paulo. O goleiro se reabilitará no conceituado Centro Marian Weiss e não há prazo estipulado para que comece a dar seus primeiros passos. Por mais de uma vez, o próprio deixou claro que a palavra de ordem no momento é paciência.

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