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“O candidato que for para rua dizer que vai fazer mundos e fundos vai mentir”

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Após anunciar a desistência de buscar um novo mandato à frente da prefeitura de Florianópolis, o prefeito Cesar Souza Junior (PSD) concedeu entrevista exclusiva ao Diário Catarinense em seu gabinete.

Qual foi o momento em que o senhor desistiu?
Não é uma decisão que a gente toma de uma hora para a outra, um processo. O que pesou foi a minha percepção de que a agenda administrativa não se concilia com a de candidato neste momento de crise. Tenho plenas condições, as pesquisas mostram que sou um candidato competitivo, mais do que era em 2012 na largada, mas não há condição de enfrentar o que precisa ser enfrentado neste segundo semestre com a candidatura. É uma decisão difícil, mas é a coisa certa a ser feita.

 

O senhor não sendo candidato, já tem candidato?
Eu me filio à tese do PSD ter candidato, mas isto é uma questão que ainda vamos ter que discutir dentro do partido. Não fiz uma conversa prévia partidária. A decisão é de gestão e pessoal. Devemos, ainda esta semana, ter uma reunião inicial do PSD trabalhando os novos cenários. Até então, o cenário com que o partido trabalhava era o da minha candidatura.

 

O ex-secretário Rodolfo Pinto da Luz é o nome do partido?
Acho um excelente nome, está habilitado para o processo. Pessoalmente, acho que seria um grande candidato.

 

O PP tem colocado o nome da ex-prefeita Angela Amin. O filho dela, João Amin, foi seu vice em 2012. O senhor poderia apoiar a ex-prefeita?
Não tenho nenhuma restrição à ex-prefeita. Ela foi uma pessoa que diexou uma marca positiva na cidade. Eles (Angela e o deputado federal Esperidião Amin) me apoiaram, fizeram um gesto há quatro anos. É uma decisão que não cabe apenas a mim. É uma decisão de conjunto. Mas acredito que seja importante para o partido apresentar uma alternativa à sociedade neste momento. São 60 dias (até as convenções) em que a gente vai poder conversar bastante.

Como vai ser a participação do prefeito Cesar Junior na campanha eleitoral?
Havendo a definição partidária do candidato, eu, nos momentos livres que tiver, vou estar à disposição para reuniões, visitas, ações de rua. Mas limitado às questões administrativas. Se for para deixar a prefeitura para fazer campanha, seria eu o candidato. Vou ter uma ação um pouco mais limitada, mas assim que o partido decida, eu me engajarei no projeto.

O senhor passou a enfrentar dificuldades com popularidade a partir do reajuste do IPTU. Está arrependido?
Não me arrependo, porque aquilo lá tem mantido a prefeitura de pé. Quem gosta de fazer isso? Não era aumentar tributo, era atualizar algo que ficou 20 e tantos anos desatualizado. Era necessário fazer. Não se faz coisas só para agradar. Se eu tivesse me acovardado naquele momento, quem estaria pagando hoje seria saúde, a educação e inclusive as questões de custeio da prefeitura.

O que esperar dos últimos meses da gestão Cesar Souza Junior?
Compromisso com a cidade. Primeiro, resolver a questão previdenciária. Precisamos capitalizar o fundo de previdência, unificar as massas (fusão dos fundos previdenciários, em tramitação na Câmara de Vereadores). Reorganizar a Comcap (empresa municipal de coleta de lixo). Isso é fundamental, a Comcap custa muito à cidade, tem um casta de marajás que ganham salários estratosféricos. A gente vai ter que enfrentar de uma vez por todas, capitalizar a empresa…

Mantendo pública?
A Comcap? Sim. Ela não vai ser vendida, primeiro, porque ninguém compraria. É uma empresa com um passivo previdenciário astronômico. Não cogito privatizar a Comcap, mas modernizar como um todo o sistema de coleta e distribuição de resíduos. É um plano que vai ser apresentado em um momento propício. Também temos que dar fim à questão do Plano Diretor. Até agosto terminam as audiências públicas e quero fechar o meu mandato com essa questão essencial resolvida.

O quanto a crise econômica interferiu na sua decisão de não concorrer? Está difícil fechar as contas?
Muito. A situação das prefeituras hoje é de pré-insolvência e Florianópolis não é diferente. O candidato que for para rua dizer que vai fazer mundos e fundos, construir um monte de coisas e que vai fazer uma revolução com obras, vai mentir. O momento do Brasil não é para isso. É momento de garantir a preservação de serviços, garantir pagamento de salários em dia e os principais investimentos estratégicos. É fundamental que o eleitor fique atento. O promessômetro vai ter que ser econômico. Promessômetro alto será prenúncio de descumprimento de compromisso.

O senhor teve uma série de projetos na área de mobilidade urbana que acabaram prejudicados pelas dificuldades que o governo federal enfrenta para liberar os recursos, especialmente no Ministério das Cidades. Ficou uma frustração?
É a minha maior frustração do mandato. Não havia projetos, a gente junto vários municípios. Hoje a região metropolitana tem o Plamus. Temos a definição do modelo, que é BRT (vias específicas para ônibus articulados), que cabe no nosso bolso, que é o que está funcionando no Brasil. As ideias de VLT (veículo leve sobre trilhos) se mostraram improdutivas. Temos um elenco de projetos de mais de R$ 600 milhões aprovados no Ministério das Cidades, coisa que Florianópolis nunca teve. Fomos colhidos justamente quando por essa crise brutal justamente quando esses projetos estavam amadurecendo…

E o senhor com um ministro aliado…
Com um aliado no ministério. Se fosse questão política, ajuda não me faltaria. Gilberto Kassab (ex-ministro das Cidades, hoje na pasta de Ciência, Tecnolocia, Inovação e Comunicações) é uma amigo que eu tenho. Mas a crise não poupou ninguém. Algumas coisas estão avançando. Duplicação da rua Antonio Edu Vieira, elevado do Rio Tavares, as obras com o Estado na SC-401, SC-403. Mas o estrutural mesmo é esse elenco de projetos que a gente deixa pronto, programado e o próximo administrador da cidade não vai precisar fazer o que eu fiz de começar do zero.

Essa dificuldade de liberar os recursos em Brasília foi o que levou o senhor a apoiar o impeachment de Dilma Rousseff depois de fazer campanha por sua reeleição?
Foi uma desilução muito grande, foi muita mentira. O Brasil conviveu com muita mentira. O PT deu um cheque sem fundo para todo mundo. É difícil a gente crer que tudo aquilo que se fazia no governo federal não era uma coisa séria. Estive em Brasília e a informação é de que são mais de R$ 40 bilhões (para os municípios) em recursos contratados que não serão honrados. Não houve apenas a pedalada fiscal, houve também a pedalada administrativa nos prefeitos. Por isso minha revolta, além de todo o desvelo desse nó de corrupção que não pode nos deixar passivos.

Como o senhor avalia os efeitos da Operação Ave de Rapina sobre a sua gestão? Houve desarticulação política na Câmara de Vereadores depois disso?
Não posso me queixar da Câmara, tivemos pouquíssimas derrotas.

E alguns recuos…
Nem tudo anda na velocidade que a gente deseja. O próprio cenário eleitoral aquece muito. Eu, sinceramente, espero que essa operação toda chegue a ser termo, que eventuais culpados sejam punidos. A prefeitura, desde o primeiro momento, esteve aberta, disponível e colaborativa em todas as investigações. A operação foi positiva, porque algumas mudanças aconteceram a partir dali. Hoje, por exemplo, a autonomia histórica de gestão no Ipuf (instituto de planejamento) dos recursos de multas de trânsito, um dos cernes da operação, foi revisto. Temos hoje um controle mais rígido, dentro da Secretaria de Segurança, sob comando de um ex-delegado da Polícia Federal. Proibimos todas as contratações por carta-convite. Muitas coisas foram alteradas. Agora espero que a operação tenha um desfecho.

Alguma chance de atrasar folha de pagamento por causa dos efeitos da crise na arrecadação?
É um luta grande, mas nós não vamos fazer isso. Hoje tem gente que se arvora de dar aula de finanças públicas e que atrasou três meses de folha de pagamento quando foi governo. Isso não vai acontecer aqui. Salário é sagrado.

Que conselho o senhor dá aos prefeitos que vão disputar a reeleição?
Não quero dizer que todos tenham que fazer o que eu estou fazendo. Pessoalmente, acho que o que precisávamos fazer no Brasil era todo mundo renunciar aos mandatos, legislativo, todos os níveis, e a gente fazer uma nova eleição. O próprio governador Raimundo Colombo (PSD) já fez essa colocação. As pessoas perderam completamente a crença no sistema político.

 

 

 

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