A polícia de choque de Istambul disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma marcha em defesa das pessoas transexuais, neste domingo (19), proibida após ultranacionalistas afirmarem que “degenerados” não podem se manifestar.
Centenas de policiais isolaram a Praça Taksim, a principal da cidade, para evitar a parada do “Orgulho Trans” durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã.
“Fãs de futebol podem se reunir neste país quando quiserem. Vamos fazer uma atividade pacífica”, disse Ebru Kiranci, porta-voz da Associação Solidária LGBTI de Istambul. “(O) mês sagrado do Ramadã é uma desculpa. Se você irá respeitar o Ramadã, nos respeite também. Os heterossexuais pensam que é muito para nós, apenas duas horas em 365 dias”, disse.
A parada anual do orgulho gay, descrita como a maior no mundo muçulmano, estava prevista para o dia 26 de junho. Istambul sedia paradas do orgulho gay desde 2003, atraindo dezenas de milhares de participantes, mas no ano passado foi reprimida pela polícia.
Embora a república turca seja constitucionalmente secular, a grande maioria da população é muçulmana.
Tayyip Erdogan, que se tornou presidente em 2014 depois de 11 anos como primeiro-ministro, vem aumentando o poder do chefe de Estado com apelos para nacionalistas e religiosos conservadores.
Isso tem mudado efetivamente a Turquia de um sistema parlamentar para presidencial antes mesmo de Erdogan buscar alterar a Constituição através de um referendo para tornar a iniciativa oficial.